Você já percebeu uma secreção na calcinha, às vezes branca, amarela ou mesmo marrom? Fica calma porque isso é secreção vaginal. Toda mulher tem, mas é necessário prestar atenção na cor e alguns outros sintomas para poder identificar quando algo não vai bem.
Os corrimentos vaginais são frequentes e motivo de desconforto para muitas mulheres. Essa é uma das principais razões para procurar atendimento ginecológico, correspondendo a cerca de 30% das consultas.
Se você quer descobrir se o seu corrimento é normal, continue a leitura. Neste post explicaremos os diferentes tipos de corrimento vaginal e o que eles podem significar para a sua saúde íntima!
O que é corrimento vaginal?
Primeiro precisamos aprender a diferenciar secreção de corrimento vaginal. A secreção que sai da vagina é algo fisiológico, comum, normal e, na maioria dos casos, não é um sinal de problema de saúde.
A secreção vaginal é composta por muco produzido pelo colo do útero junto com a lubrificação da vagina. Normalmente, é um líquido transparente ou esbranquiçado, sem cheiro forte, coceira ou desconforto.
Durante o mês, essa secreção pode aumentar ou diminuir. Isso acontece porque a produção do líquido é estimulada pelo estrogênio, um hormônio que está presente em maior volume perto da ovulação, durante a gravidez, e também se encontra em maior quantidade em mulheres que tomam anticoncepcionais à base desse hormônio. A obstetriz e CEO da Inciclo, Mari Betioli, afirma que o volume da secreção pode chegar a 4 ml por dia!
No entanto, nem toda secreção é normal. Nós damos o nome de corrimento vaginal quando é uma secreção anormal, que pode ser sinal de infecção. Quando o corrimento vem acompanhado de sintomas como coceira, ardência, cheiro forte, dor durante o sexo ou ao urinar, ligue o modo alerta. É importante também ficar de olho na cor da secreção e notar se está acompanhado de irritação, coceira, vermelhidão, ferida ou ardência — esses sintomas podem indicar que algo não vai bem.
Quais são os tipos de corrimento?
Existem diversos tipos de corrimento vaginal que variam conforme a cor, consistência e cheiro. Eles podem ser normais ou indicar algum problema de saúde. Abaixo, explicamos os principais tipos!
Corrimento vaginal branco
A secreção branca é a mais comum e pode ser considerada normal. É caracterizado por uma secreção leitosa, sem cheiro forte ou incômodo.
Porém, se vier acompanhada de cheiro desagradável — como de peixe — ou tiver placas brancas ou acinzentadas (como a textura de queijo cottage), pode ser sinal de vaginose bacteriana. Se for uma secreção branca acompanhada de ardência, coceira ou vermelhidão, pode ser candidíase.
É importante relembrar que nem todo corrimento branco é sinal de problema de saúde. Por exemplo, durante algumas fases do ciclo menstrual, é comum que a quantidade de secreção aumente, e ela pode se tornar mais espessa e branca antes da ovulação.
Corrimento vaginal amarelo
O corrimento vaginal amarelo pode ser um sinal de que algo não está certo na sua saúde íntima. Geralmente, ele é caracterizado por uma aparência purulenta, podendo ser acompanhado por outros sintomas, como mau cheiro.
Algumas das causas do corrimento vaginal amarelo é a tricomoníase, clamídia ou gonorreia, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que requerem tratamento médico.
Outras causas menos comuns do corrimento vaginal amarelo incluem infecções fúngicas e alterações hormonais. Em alguns casos, o uso de antibióticos pode desencadear o surgimento de corrimento amarelo.
No entanto, muitas vezes o corrimento parece ser amarelo na calcinha, mas na verdade, quando ele saiu da vagina, era branco e acabou mudando de cor quando entrou em contato com o ar e nesse processo de oxidação, acabou amarelando. Por isso, fique atenta à cor quando o corrimento ainda está úmido, logo que sai do corpo.
Corrimento vaginal marrom
Essa cor pode ser preocupante para muitas mulheres, especialmente se ocorrer fora do período menstrual. O corrimento marrom é caracterizado por uma secreção marrom ou marrom-avermelhada, e pode ser causado por diferentes fatores.
Um deles é sinal de que o corpo está eliminando resíduos menstruais. Por exemplo, é comum ocorrer no início ou fim do período menstrual e isso é perfeitamente normal. Outra possibilidade é que o corrimento marrom seja causado por um pequeno sangramento que ocorreu durante a relação sexual ou exame ginecológico.
Ele também pode indicar a implantação do embrião nos primeiros dias de gravidez (nidação). Além disso, o corrimento marrom pode ser um sintoma de vaginite atrófica — uma condição que ocorre devido à diminuição do estrogênio na menopausa ou durante a amamentação.
O que pode provocar corrimento?
As principais causas de corrimento vaginal, responsáveis por 95% dos casos, são a vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase.
A vaginose bacteriana é caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal, resultando na diminuição dos lactobacilos e crescimento de bactérias, principalmente a gardnerella vaginalis. Embora possa ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, não é considerada uma infecção de transmissão sexual.
Já a candidíase vulvovaginal é causada por um fungo que habita a mucosa vaginal e digestiva, podendo crescer quando o meio se torna favorável para o seu desenvolvimento. Embora a relação sexual não seja a principal forma de transmissão, alguns fatores podem predispor a sua proliferação.
A tricomoníase é uma infecção causada por um protozoário transmitido através da relação sexual desprotegida. Os sintomas incluem corrimento abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado, ardência, vermelhidão e edema vulvar e vaginal, prurido vulvar, dor ao urinar, entre outros. Homens geralmente são assintomáticos, enquanto nas mulheres quase sempre apresentam sintomas.
Como se livrar do corrimento vaginal
Existem diversas medidas que podem prevenir o surgimento deste líquido indesejável e até mesmo eliminá-lo completamente. Abaixo, apresentamos as dicas mais recomendadas. Confira:
- Substitua absorventes descartáveis pelo coletor, disco menstrual ou calcinha absorvente. Os absorventes internos desequilibram a flora bacteriana e ressecam a vagina. Já os absorventes externos deixam a região íntima abafada e mantém o sangue, que já está em decomposição, em contato com a vulva;
- Use um sabonete íntimo natural na vulva (parte externa) e nunca na vagina (parte interna);
- Prefira calcinhas respiráveis;
- Não use duchas vaginais;
- Durma sem calcinha;
- Evite roupas justas;
- Não use protetor diário de calcinha;
- Verifique se sua gaveta de lingerie está livre de mofo;
- Sempre limpe a região da vulva e, depois, o ânus;
- Não deixe calcinhas secando no banheiro;
- Evite ficar com biquíni molhado por muitas horas;
- Use camisinha.
Se você chegou até aqui, deve ter percebido que a secreção vaginal é algo natural e deve ser encarado com normalidade.
É importante falarmos abertamente sobre este assunto para quebrar tabus e ajudar as pessoas com vaginas a se sentirem mais à vontade com os processos naturais do corpo.
Por isso, se conheça, se toque e, caso identifique que seu corrimento não está normal, entre em contato com o médico para orientação. 💜